26 setembro 2010

CAROL GARCIA SOBRE O IMAGENS ERRANTES

 A super  atenciosa Carol Garcia (somos fanzonas!!), mesmo longe falou com o Frescura de Moda sobre o seu livro "IMAGENS ERRANTES: AMBIGUIDADE, RESISTÊNCIA E CULTURA DE MODA", que vai ser lançado dia 06/10 em São Paulo.

FM - Você é uma pessoa que viaja bastante. Como surgiu a idéia do livro? Foi pensada dentro de uma programação que você já tinha de trabalho ou foi o seu olhar pelo encontrado, pelo visto. pelo sentido nos lugares visitados?

Carol Garcia - Veja só, o roteiro foi realizado com base em algumas considerações...busquei contextualizar a chita no roteiro das grandes conquistas marítimas, situando o recorte no conjunto das andanças desse material têxtil. Tais deslocamentos têm como protagonista a busca de riquezas e o comércio de bens estrangeiros naquele período, propiciando avaliar em que medida as chitas se colocam a serviço da pós-vida das imagens e dos vínculos comunicativos, e considerando-as conforme os estudos de Aby Warburg e Norcal Baitello Júnior.
Os parâmetros, a princípio, foram as principais rotas, a origem do produto têxtil e os mais importantes portos no roteiro dos navios. Mas, na sequência, o que realmente importou foi, como já disse, a resposta a uma pergunta essencial: vou encontrar amigos nesse lugar? Ou seja, haverá um momento de risos e confabulações, comprinhas e excessos de bagagem, encontros e desencontros? Assim, à revelia dos procedimentos tradicionais e norteada pela emoção melodramática que me é característica, fui recortando a origem de fabricação dos têxteis e investigando especialmente os produtos oriundos da Índia, Portugal, Inglaterra, Espanha, França, Tanzânia, Holanda, Brasil, Colômbia e México. Enquanto me apaixonava por cenários e pessoas (muitas das quais integram o grupo de companheiros de jornada na elaboração deste livro), averiguei os principais pontos de distribuição como vetor de confluência e trânsito de imagens: Sevilha, Madri e Granada, na Espanha; Manila, nas Filipinas; Oaxaca, Veracruz e Acapulco, no México; Cartagena, na Colômbia; Belém, Salvador e Recife, no Brasil; Lisboa e Alcobaça, em Portugal; Zanzibar, na Tanzânia; e Délhi, Jaipur e Agra, na Índia. À exceção de Manila e Zanzibar, de onde obtive dados secundários mediante entrevistas com outros viajantes, estive pessoalmente em todos esses lugares. A partir do recolhimento de amostras e documentos, procedi a análise dos mitos que circulam nas imagens veiculadas pelos tecidos estampados, atentando para a força da cultura e para a elaboração de outros vínculos potenciais. (direto de Cartagena, Colômbia)